quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Passado

Ainda não percebi se é o passado que nos visita no presente, ou se somos nós que o visitamos directamente no passado. Não percebo. O que percebo é que o fazemos invariavelmente vai-nos tocar no futuro. O que fizemos de bom. O que fizemos de mau. Revela bem o cáracter das pessoas.

Normalmente só as coisas más é que me visitam. Não devo ter feito nada de bom durante as décadas que levo de vida. Não devo ser boa pessoa. De facto.


E o que fazer quando as coisas más do passado nos destroem o presente ? A receita que tenho aplicado é de esquecer, atropelar e fugir.

Esquecer, porque foi mau. Há que andar para a frente.
Atropelar, porque foi mau. Há que andar para a frente.
Fugir porque foi mau. Há que andar para a frente.

Fui um inconsequente ao longo destes anos por optimismo. Por optimismo de que o futuro será sempre melhor e quanto mais rápido o alcançarmos melhor (porquê ter o peso do passado às costas ?). Inconsequente porque o passado não pode ser esquecido, atropelado, nem tão pouco se pode fugir dele.

A receita que tenho aplicado não funciona. É triste não ter percebido isso antes através de mero bom senso.

Só espero não vir demasiado tarde para a Vida. Ela, a Vida, tem 160cm, cabelos castanhos com reflexos naturalmente acobreados e é tudo o que eu posso alguma vez pedir a Deus.




terça-feira, 18 de setembro de 2012

Impossibilidade

Tenho a sorte de Amar e ser Amado. Sou um imbecil. Devia desviar-me e desempedir caminho, mas é impossível. É-me impossível. Sou um imbecil.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Mais

Passei os primeiros vinte anos da minha vida a construír o homem que pretendia ser. Não podia fugir do meio ambiente e forte carga genética que tinha a meu dispôr. Não acredito em pré-disposição cósmica ou cosmogónica ou coisa parecida. Os braços onde nascemos e com quem crescemos determina o que vamos ser no futuro. Não direi se tive sorte ou azar, sei que fui feliz. Muito feliz.

E desde muito novo que se me definiu um caminho a seguir, com base nas premissas iniciais que se propuseram. Sempre com alguma incerteza e semi-desvios, inerentes à condição adolescente (e pré-adulto), lá fui trilhando o caminho que me havia proposto, paulatinamente. À medida que ía queimando etapas ía-me enchendo de orgulho e confiança. Era o caminho certo e trazia-me a felicidade e o respeito interno que necessitava para alimentar o Ego. Caminho de honra e exigência, com uma velocidade atroz e necessidade de energia sobre-humana, como gosto, mas sem Amor.

Se excluírmos o Amor da equação que nos norma estamos condenados a uma felicidade de meio-termo, nunca final ou conclusiva. O caminho que se me propusera iria certamente encher o copo a meio e seria certamente feliz. Facto é que tenho uma constituição demasiado complexa (e ao mesmo tempo tosca e deselegante) para ficar pelo copo a meio. Precisava e preciso de Mais.

Acontece que o Amor apareceu na minha vida com uma força absolutamente avassaladora. Podia ter aparecido ao de leve, gradual e sereno, mas isso seria pedir muito da vida. Chegou e obliterou as traves mestras, cilindrou o Ego, arrasou por completo o Ser. O chão fugiu-me dos pés e o desequilíbrio prostou-me no chão. Este brutal Amor chegou à minha vida quando o cimento ainda estava fresco e o edifício acabou por não se segurar. Não tive sítio onde segurar as mãos, o vendaval levou-me e perdi quase tudo.

Perdi quase tudo. Ambições e sonhos, e sem hipótese de os recuperar.

Apenas ficou o Amor, marcado a ferro e fogo algures no meu corpo, Amor reprimido e sem cara-metade a meu lado, e por tudo isso, insuficiente para me orientar pelos anos que se seguiram.

Ao fim de dez anos Ela voltou a abraçar-me. Não preciso de Mais nada. Ambições e sonhos estão a florescer, vindos bem do fundo do Ser. É final e conclusivo.







quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sentir

O olhar é algo muito curioso. O olhar é uma forma de toque. Quanto te olho toco-te no Corpo ... todo. Abarco todo o teu verso e inverso. Todinha. A tua macro constituição e todos os teus detalhes. Quanto te olho sinto-te. Sinto o teu coração a bater, sinto-o de tal forma que o meu acerta o passo com ele.

Sinto a tua essência. Penetro-te de forma inexplicável. Sinto o teu peso, os teus músculos, os teus tormentos, agarro-me à tua espinhal medula e viajo pelo teu sistema nervoso.

Beijo-te por dentro depois de te ter roído os ossos. Choro quando te olho, porque te sinto, e alago com as minhas lágrimas todo o teu Corpo. As minhas lágrimas acabam por te substituír os glóbulos vermelhos e suportam-te a Vida até o teu sistema imunitário as matar.

Quando te olho estou-te a sentir. Quando te olho, estou-te a Amar. À coisas que não se explicam, e a forma como eu te olho não se explica. Sente-se.

Amar Parte I

Se amamos e somos amados suportamos as dores e temos fé no futuro e ente amado.
Se amamos e não somos amados, mais vale pegar na trouxa e zarpar.

sábado, 28 de julho de 2012

Confortably Numb


Quando sou invadido por tristeza, principalmente aquela tristeza que se observa nas entranhas mais profundas aqui do bicho, invariavelmente procuro conforto em algumas músicas. Se a tristeza deriva por um bocado de Ser que se soltou por "whatever reason", o Confortably Numb dos Pink Floyd é o unguento necessário para dar inicio à reparação, se a mesma existir. A versão ao vivo tem um David Gilmour a ascender aos Céus, não sei se chega a tocar no Criador, mas pelo menos contacto visual com Ele lá terá certamente.

Ouvir esta faixa é um regresso ao básico dos ingredientes que me constituem. Melancolia baseada num romantismo inveterado, alguma tristeza e muita solidão, mas com uma energia capaz de levantar o Mundo em força de braços. É a música que mais me faz sentir perto do meu básico, esse buraco onde me reconstruo e de onde por vezes penso não deveria ter saído. O buraco onde só dependo de mim, de onde posso chorar sem ser visto (normalmente quando espreito quem passa à superfície) e onde só eu me posso magoar. Buraco onde sou feliz, certamente, mas onde nunca atingirei a realização que mereço. Ingredientes fundamentais para tal encontram-se fora do buraco ... A ver se também eu lhe sou fundamental pois a alternativa é voltar para o buraco e tapar-me, por finalmente, e por completo com inibições e frustrações.

O Confortably Numb é o regresso ao meu básico, onde vou buscar ingredientes importantes que se desgastaram, perderam, mas não é sítio onde quero ficar mais que a duração da faixa. Hoje regressei ao buraco, mas já já volto ao Amor de minha vida.







domingo, 22 de julho de 2012

Tristeza

Tou triste. Sei porque tou triste, mas não conto a ninguém. Nem a mim próprio. A tristeza rouba energia, a falta de energia causa tristeza. Ciclo vicioso da treta. Há que arranjar forma de o quebrar.

Humm, onde andas pá ?